Assim que o aparelho fixo é removido, o paciente entra numa fase conhecida como “contenção”. Este período do tratamento é muito crítico, pois fixa os dentes na nova posição através dos aparelhos móveis. É nesta fase que nos certificamos de que a maior parte das correções que conseguimos durante o tratamento permanecerão para o resto da vida. O uso dos aparelhos de contenção é a fase mais negligenciada pelos pacientes e a menos explicada pelos ortodontistas.
Para entendermos melhor como funciona a contenção, precisamos saber como funciona a movimentação do dente.
O dente é uma estrutura composta da coroa (a parte branca que se vê), da raiz que fica inserida dentro do osso e dos ligamentos, que prendem o dente ao osso.
Os ligamentos e o osso são responsáveis por responder a todos os estímulos que são aplicados ao dente, como por exemplo a força exercida pelo aparelho. Quando o aparelho “aperta”, na verdade está “empurrando” o dente contra o osso para uma nova posição. O osso e os ligamentos então encarregam-se de remover o osso da região para onde queremos que o dente vá. Veja as figuras:
Da mesma forma que os dentes podem ser levados para a posição perfeita pelo tratamento ortodôntico, podem também mover-se para uma posição desfavorável. Isto é especialmente crítico quando removemos o aparelho fixo, pois o osso que sustenta os dentes ainda está “mole” por ter sido muito estimulado durante o tratamento. Além disso, o dente tem uma “memória” da sua antiga posição (guardada nos ligamentos) e se o osso não possui resistência suficiente, fica mais fácil a volta.
Para evitar ou ao menos minimizar que ocorra a recidiva (nome dado a esta volta dos dentes a antiga posição) é necessário “engessar” temporariamente os dentes na posição que queremos. Desta forma, o aparelho de contenção customizado (fixo ou removível), é parte vital do seu tratamento, que só estará completamente finalizado após a alta da contenção.
A ruga da boca
Ao longo dos anos também ocorrem alterações adaptativas no posicionamento dos dentes decorrentes do amadurecimento da face e do próprio uso dos dentes Estas mudanças independem do fato de se ter ou não usado aparelho fixo e são totalmente fisiológicas. Costumamos chamar estas alterações de ‘a ruga da boca’. O local onde esta mudança é mais freqüente e perceptível é na arcada inferior, nos dentes da frente. Por esta razão recomendamos, principalmente para pacientes adultos, que a contenção na arcada inferior seja permanente.
O nosso programa de contenção:
Desenvolvemos um calendário, baseado em resultados científicos, para um acompanhamento mais cuidadoso do posicionamento dos dentes pelos primeiros dois anos após a remoção do aparelho fixo.
As visitas são programadas com intervalos de 3, 6, 12 e 24 meses, e salvo raras exceções, após dois anos de contenção o paciente recebe alta definitiva. Nestas consultas iremos avaliar a posição dos dentes, o estado dos aparelhos e o desenvolvimento dos dentes do siso (em adolescentes). Por isto, é necessário trazer os aparelhos em todas as consultas, e dependendo do caso, as radiografias que iremos requisitar.
Fique tranquilo, pois mantemos um controle de cada caso, e sempre avisaremos quando for o tempo certo de voltar.